Quando olhamos para a história dos movimentos sociais brasileiros, tão curta história, percebemos que  tanto as formas de organização quanto os temas centralizadores se modificaram conforme foram mudando as condições de governo federal como as necessidades de luta da população. Nas décadas de 70 e 80 do século XX, a luta era pelo direito a ter direitos encabeçados por grandes grupos como Movimento Estudantil e foi neste cenário que a “brasileirada toda” foi buscar bases nos teóricos das lutas de classes.

Nos anos noventa veio a necessidade de demarcar fronteiras, exercer o poder de “escolher”, até cargos em instituições eram conquistados via voto direto. Donas de casa empoderadas com adesivos do bigode do Sarney, fiscalizavam presos e fechavam supermercados e a sociedade bebeu e brindou a liberdade e a cidadania.

Adentramos o século vinte e um com uma sociedade segura de que o povo poderia exercer seus direitos reinvindicatórios básicos com segurança e aí veio a compartimentalização das ideologias e a fragmentação dos movimentos.

Contraditoriamente as formas de luta exercidas nas décadas anteriores, o Estado passou a ser parceiro dos movimentos sociais; de parceiro a financiador. Momento contraditório para uma sociedade que se fundamentou pela luta contra governos e ainda não aprendeu a ser parceiro/paralelo do Estado.

Reconhecimento da validade de suas lutas e possibilidade de exercer o controle social, parece não ter fortalecido ideologias e sim possibilitado o decréscimo de suas autonomias. “Realizo o que desejo mas sob controle e financiamento do poder estatal”. Me parece que neste momento é que os movimentos se fragilizam frente a necessidade humana de “buscar” de “conquistar” e é neste momento que irmãos ideológicos históricos se estranham pela individualização das pequenas ideologias – observe-se aí as correntes ideológicas ou de interesses pessoais(ou de pequenos grupos) que fragmentam partidos políticos com o nome de “tendências”.

A mim parece que são tantos os partidos e mais tantas as tendências dentro de cada um deles que ao tanto fragmentar ideologias entram perigosamente  em lutas pessoais  – as quais frequentemente se transvestem em interesses pessoais e disputas de cargos, espaços de visibilidade e salários tentadores. Muitas vezes é difícil distinguir entre a evolução das esquerdas brasileiras e o nascimento de um facismo/esquerdista em Terras Brazilis.

Trago a intuição de que neste momento estamos muito próximos de uma verdadeira revolução, onde partidos políticos se auto-consumam e se auto-destruam e quem sabe aí chegaremos aquela utopia que vem bancando os Foruns Sociais Mundiais de que “Um Outro Mundo é Possível”

 

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